Multidisciplinary bibliography of the Portugal-Spain border

[Resumo proveniente da fonte]

1. A institucionalização da memória do contrabando – museus, monumentos e textos apologéticos. 2. O desaparecimento do contrabando tradicional: fim de um recurso material e emergência de um recurso narrativo. 3. A constituição de um discurso hegemónico sobre o contrabando: a valorização do “heróico contrabando tradicional”. 4. Fenómenos de polarização e esquematização narrativa: os “bons” e os “maus”. 5. Memórias do contrabando: a ética para lá da recordação. 6. “Cultura letrada” versus “cultura popular”, ou a mútua fecundação na consolidação de uma representação hegemónica do contrabando. 7. A memória como espaço disputa. 8. Como entender a patrimonialização da memória do contrabando?

[Resumo proveniente da fonte]

No processo de construção de uma etnografia histórica elegemos como terreno o concelho português de Barrancos, estabelecendo pontes com as populações espanholas vizinhas, de Encinasola (Andaluzia) e Oliva de la Frontera (Extremadura). Como objetivo geral questionámos as ambiguidades e ambivalência do lugar da fronteira como espaço de múltiplos poderes, atribuindo legibilidade ao conflito, à relação das populações com os representantes do Estado e às mediações. A atenção analítica às relações de poder enfatizou as estratégias de resistência dos atores sociais, como praxis culturais modeladas pelos processos sociopolíticos das histórias ibéricas. O enfoque sistémico nos fenómenos locais e na ação dos indivíduos, inseridos num nível macro de mudanças políticas, contemplou a longa duração, articulando diversos passados e presentes. Ao integrarmos o nosso estudo no processo de recuperação da memória da guerra civil de Espanha, analisámos o impacto do acontecimento na vida das populações locais, procurando compreender como um acontecimento à escala global alterou a dinâmica social das populações fronteiriças, e de que forma as memórias do passado servem no presente para construir identidades de grupo e edificar uma memória contra-hegemónica das ditaduras ibéricas. Neste artigo refletimos sobre as perspetivas teórico-metodológicas orientadoras do nosso estudo, salientando a importância do diálogo interdisciplinar entre a História e a Antropologia na reconstrução de um acontecimento em diferentes escalas. Posteriormente, questionamos o movimento social pela recuperação da memória histórica em Espanha como legitimador da ordem social presente, entrelaçando os usos políticos da memória e suas repercussões a nível local e translocal com o nosso terreno.

[Resumo extraido da fonte]

O conhecimento das vivências dos habitantes da zona de fronteira contribui de forma importante para a descoberta socio-económica de uma determinada sociedade, específica de locais de osmose entre dois países vizinhos que se visitam marginalmente em busca de formas de subsistência pela troca de produtos ou pelo comércio clandestino desses mesmos productos. A dificultade em obter determinados bens de um dos lados da fronteira, pelas mais diversas razões, ou a possibilidade de os obter mais baratos para, em seguida, serem comercializados, motiva a sua passagem clandestina, fora do controle das alfândegas. Este trabalho que agora divulgamos tem como personagem principal João Galçalves da Mata, natural do Porto de Espada que, com os seus testemunhos, permite recordar tempos difíceis não só àqueles que conheceram a dura realidade dos contrabandistas, mas também aos mais jovens no sentido de conhecerem um pouco da forma de vida de algumas populações raianas. Ao perfil biográfico deste homem juntaremos os seus testemunhos procurando compôr um quadro tão real quanto possível.

[Resumo proveniente da fonte]

Neste artigo questiono os usos políticos da memória da guerra civil espanhola, a partir de dois casos que resultam de uma etnografia intensiva e de revisitação da raia do Baixo Alentejo.Num tempo em que os fenómenos de emblematização local acompanham o processo de criação de patrimónios culturais materiais e imateriais à escala global. O primeiro caso interceta processos de construção da memória social com estudos que tenho desenvolvido nos últimos dez anos nas povoações raianas de Barrancos (Baixo Alentejo) e Oliva de la Frontera (Badajoz - Extremadura). Nestes processos estabelecem-se relações entre os acontecimentos e a ordem social vigente, por meio de iniciativas consensuais que se inscrevem no presente, objetivadas por diversas visões do passado e do futuro. O segundo caso provém da observação e interrogação sobre os ―lugares de memória‖ (Nora, 1984) dedicados ao poeta Miguel Hernández, nas povoações fronteiriças de Rosal de la Frontera (Huelva - Andaluzia), Vila Verde de Ficalho e Moura (Baixo Alentejo), construídos a partir de um passado recriado e re-significado no quadro de relações institucionais.

[Resumen extraído de la fuente original]

Este artículo entrecruza la Antropología y la Historia, analizando la importancia de las memorias para individuos y grupos marginalizados del poder, interpretando a su vez las consecuencias sociales de la posguerra en una familia marcada por el estigma de rojo. La zona fronteriza de Barrancos y Oliva de la Frontera encierra el espacio de la ruralidad, adonde los acontecimientos impusieran una violenta ruptura social, desagregando y subyugando individuos y grupos. A partir del presente, entrelazamos memorias y documentos, temporalmente focalizados en el contexto sociopolítico de la posguerra de España, confrontando acciones de interdependencia y solidaridades, que fortalecieron sobremanera la interacción social en la frontera Hispano-Portuguesa.

This article intertwines Anthropology and History, analyzing the importance of memoires to both individuals and power marginalized groups,through an interpretation of the social consequences of the postwar period in a family marked by the stigma of rojo. The border area comprising Barrancos and Oliva de la Frontera encloses a space of rurality, where the conflict imposed a violent social rupture, dismantling and subjugating individuals and groups.Temporally focused on the social and political context of postwar in Spain, weare able to interweave, from the present time, memories and documents confronting acts of interdependency and solidarity, which greatly fortified the social interaction in the Spanish-Portuguese border.